"That was due to Crabtree's expertise and flair during a wine tasting that lasted until sunrise, and that is still remembered in the neighbouring town of 'Vila Real´as the "Night of the Englishman', that Don José Mateus first realised the potential of his Estate's Rosés as suitable for the English palate"

Santos, Bartolomeu dos, 'Joseph Crabtree and the Caliph of Fonthill', 1985, in The Crabtree Orations (1954-1984), ed. Brian Bennett & Negley Harte, The Crabtree Foundation, London, 1997
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23.5.08

do blog "Cacimbo", assinado Zigoto

PARTE O ARTISTA, FICA A OBRA


Caixas de Memórias foi o título da última exposição de Bartolomeu dos Santos realizada há um ano em Lisboa.

Este mestre da gravura – que ensinou as técnicas da água-forte e água-tinta a Paula Rego, de quem se tornou amigo – faleceu quarta-feira em Londres, vítima de um linfoma.

Bartolomeu dos Santos nasceu em 1931, em Lisboa. Estudou na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa 1950-56Slade School of Fine Art 1956-58 com Anthony Gross.De 1961 a 1996 ensinou no Departamento de Gravura da Slade School.

É Emeritus Professor in Fine Art da Universidade de Londres e Fellow do University College London.É membro da Royal Society of Painter Printmakers.

Foi artista visitante em numerosas escolas de Belas Artes na Grã Bretanha. No estrangeiro foi professor visitante da Universidade de Wisconsin, em Madison (1969 e 1980), na Konstkollan Umea, Suécia (1977 e 1978), no National College of Art em Lahore, Paquistão (1986 e 1987) e na Academia de Artes Visuais de Macau em numerosas ocasiões.Teve a sua primeira exposição individual em 1959, na Sociedade Nacional de Belas Artes em Lisboa. Desde então expôs individualmente 82 vezes em Lisboa, Porto, Frankfurt, Rotterdam, Detroit, Madison, Angra do Heroísmo, Oxford, Londres, Umea, Johanesburg, Cape Town, Tóquio, Paris, Nassau, Antuérpia, Cidade do México, Wiesbaden, Heidelberg, Bonn, Meinz, Islamabad, Glasgow, Karachi, Braga, Sheffield, Luxemburgo, Granada, Tavira, Macau, Funchal, Osnabrüch, Lahore e Rabat. Em 2001 tem duas retrospectivas, respectivamente no Centro Cultural de Cascais e em Londres na Galeria do London Institute.

Expôs pela primeira em 1940 na Exposição de Arte Infantil de O Século na S.N.B.A. onde obteve o prémio de desenho.

Em 1951 expôs na 6ª. Exposição Geral de Artes Plásticas da S.N.B.A.. Desde então expôs colectivamente cerca de duzentas vezes em Portugal e no estrangeiro, destacando-se Avant Garde British Printmaking 1914-1960 no Museu Britânico, em 1990 e 2000, Signatures of the Invisible em Londres, na Atlantis Gallery.

Em 1989 teve uma retrospectiva no C.A.M. da Fundação Calouste Gulbenkian.

No catálogo de “Caixas de Memórias”, pode ler-se:

“ Caixas de Memórias tem um duplo sentido, denotativo e simbólico. A maior parte das obras são caixas, objectos utilitários que o artista subverte, desvia da sua finalidade, transforma em objecto “outro”, não deixando de questionar em tom provocatório o novo estatuto que adquirem: “Is this art?”

As caixas servem, por definição, para guardar objectos, ocultá-los, preservá-los. As caixas de Bartolomeu dos Santos abrem-se na transparência de uma face de vidro, revelam segredos guardados na memória. São caixas mágicas onde sorriem sereias aladas, pacientes Penélopes à espera de Ulisses. Nas imagens femininas transparece uma terna ironia de que reencontramos eco nas alusões explícitas a Fernando Pessoa e ao seu heterónimo Ricardo Reis, seres de uma realidade mítica criada pela poesia. Estas figuras remetem para a viagem, para um mar que conduz a ilhas de prazer ou a portos seguros.

A maior parte das caixas desvendam memórias menos pacificadoras, contêm uma amálgama de ruínas: pedaços de objectos devastados, calhaus, estilhaços de espelhos, fragmentos ilegíveis de um passado que desconhecemos. Outras ainda transportam-nos para oceanos de perigos e batalhas, onde se inscrevem referências históricas alusivas a guerras e naufrágios.

Não é apenas “Under the surface” que nos revela tesouros submersos, cada uma e, no seu conjunto, todas estas caixas e telas são “flashes” de uma narrativa maior, em que individual e colectivo, mito e História, ficção e realidade, morte e memória se entrelaçam em vida habitada por sonhos e pesadelos, corpos doces e destroços, barcos de viajantes-poetas e navios de guerra, muitas interrogações e algumas certezas”.