Bartolomeu Cid dos Santos "era uma pessoa única e um fantástico gravador", descreveu hoje à agência Lusa a pintora e amiga Paula Rego, que estava presente no momento da morte do artista plástico, que faleceu hoje em Londres, ao 77 anos.
"Eu estava lá", contou a pintora, por telefone, à agência Lusa, manifestamente triste pela morte do "extraordinário" amigo, ocorrida às 10:35.
Amigos "há muitos anos", os dois conheceram-se na capital britânica, onde ambos se instalaram nos anos 1950 e estudaram na Slade School of Fine Art, acrescentou Paula Rego.
Mais tarde, prosseguiu, "quando havia a Sociedade dos Gravadores em Lisboa, ele ensinou-me a fazer água forte, a fazer gravuras e água tinta".
O conhecimento "como ninguém" de gravura, técnica "subtil e difícil", levou a que Bartolomeu Cid fosse convidado a ensinar na Slade.
"Ele levava os alunos a ver as gravuras no Museu Britânico, onde se pode pedir para tirar as gravuras para fora e estudar, e dava-lhes oportunidade para ver e tocar nos originais de Rembrandt, Goya e outros", relatou Rego.
"Isso é algo que é raro os professores fazerem", elogiou.
Sobre a obra de Bartolomeu Cid, Paula Rego afirmou: "O trabalho gráfico dele é único e ficará para sempre, tenho a certeza".
Qualificando a globalidade do trabalho como "excepcional", a pintora destaca alguns objectos de gravura mais recentes, nomeadamente "umas caixas muito engraçadas com espírito e uma certa nostalgia".
Depois de se aposentar, há alguns anos, Bartolomeu Cid vivia "entre Londres e Portugal" e o contacto com Paula Rego tornou-se menos frequente.
"Eu via-o de vez quando, mas não o via tantas vezes como gostava", confessou.
Paula Rego não soube adiantar pormenores sobre a cerimónia fúnebre ou o destino do espólio de Bartolomeu Cid.
Nascido em 1931 em Lisboa, Bartolomeu Cid dos Santos deixa viúva e filhas.
BM.